Cia García y Lorca


                                                             CIA GARCÌA Y LORCA


                                                                               
O nome:


A Origem do nome “Cia. de teatro e dança García y Lorca” vem da concepção de união entre dança e teatro. De um lado usamos o García, sobrenome de um dos fundadores como representatividade dos bailarinos e da dança. De outro o Lorca, referindo-nos ao trabalho magistral de Federico García Lorca, poeta, teatrólogo, comediante, escritor e flamencólogo, que com seu teatro itinerante viajou toda a Espanha divulgando o flamenco como poesia, dança, teatro e até mesmo uma forma de manifestação filosófica crítica aos regimes absolutistas e a repressão do povo que possuia culturas e valores diferentes de quem estava no poder. Foi considerado um revolucionário, homem de idéias brilhantes, sendo fuzilado pelo regime franquista na cidade de Granada em 1936


A Cia. de teatro e dança García y Lorca fundada em 2001, mescla de forma sublime a arte do flamenco e sua derivação no Brasil. Através de estudos e pesquisas a Cia. encontra o flamenco em terras brasileiras devido a processos migratórios por diversas razões, sendo a mais marcante delas a inquisição. Podemos notar esta influência na expressão cultural de diversas maneiras: música, poesia, canto, dança e literatura. Desta forma a Cia. vem difundindo este lado tão desconhecido de influência na formação da cultura brasileira, acreditando sempre que esta arte é uma composição teatro-dança (ballet teatro), não podendo ser vivida de forma separada, pois fala da vida, do sofrimento, da dicotomia tristeza/alegria, ou alegria apesar da tristeza, do dia a dia de um povo que teve por muitas vezes que abrir mão de sua cultura e aceitar o que era novo para sobreviver agregando assim a ela novos significados culturais.




                                    Produções




                                                                AMOR TORERO

                                                         





                                                                                  
                             
                                              Estreou em 2003 e foi inspirado na personagem Lígia, “a torera” do filme "Fale com Ela" de Pedro Almodóvar, e conta a estória das pulsões de vida e morte num cenário de touradas. Seus personagens são fortes e transportam para a vida estas pulsões, resultando um espetáculo extremamente sensual, como a própria dança flamenca.

O espetáculo conta a estória do amor platônico entre Pietro um discreto camponês, e Milagros, “a grande torera”. Uma arena é criada na atmosfera do espetáculo, simulando uma típica tourada na maior intensidade entre pulsão de vida e morte: “suor com cheiro de sangue” é o nome desta passagem do espetáculo. Neste momento, as duas platéias: a do público e a dos personagens se tornam uma só, um só coração envolvido na “cojita del toro”. A estória de amor tem seu desfecho com o término da distância entre Pietro e Milagros: a cena de um típico casamento gitano (cigano) encerra o espetáculo em clima de alegria.
A trilha se desenvolve nos moldes tradicionais flamencos e incorpora uma estética moderna: O Movimento Los Jovenes Flamencos com instrumentos contemporâneos acrescentados ao flamenco tradicional.


                            








                                                                      






                                                     
                                         
                           ROMEU E JULIETA EN FLAMENCO         

                                                                        


O espetáculo é inspirado no clássico de William Shakespeare e traz aos palcos a rivalidade entre duas famílias transportada ao cenário da Espanha antiga: de um lado os Capuleto, representando a nobreza soberana, de outro lado os Montéquio, representando os flamencos de Triana, historicamente reprimidos pelas diferenças de cultura e costumes de vida.

No cenário rico de Sevilha Romeu de Triana e Julieta da nobreza vivem um amor impossível, tentando quebrar todo preconceito e desrespeito com que foram tratadas as minorias.

Ciganos e nobres, em figurino clássico, majestoso e rico, evocam o mistério das tragédias, companheiras inseparáveis do ódio e do amor romântico.

Espetáculo altamente inovador no universo flamenco, mantendo a proposta da Cia. na fusão teatro/dança consegue unir paixão, desespero e tristeza no agir de duas famílias que se digladiam para evitar o amor de um cigano e uma nobre. Os sapateados, as palmas e os movimentos da expressão flamenca criam o clima de emoção e comoção em uma estória que retrata nossa ânsia de amar.

A trilha sonora é bem diversificada vai do clássico espanhol ao flamenco fusion, com os mais diversos instrumentos como bateria, violoncelo, violino, etc. Procurando manter a estética medieval, as músicas trazem instrumentos antigos e também incitando o que há de passional na estória são utilizados elementos modernosos. Assim a Cia. de teatro e dança García y Lorca apresenta sua versão do grande clássico de Shakespeare, um convite a lançar-se à busca do que habita no mais profundo do nosso ser: o amor, ciúme, a luta e a arte.













ROMANCE GITANO





                                                          No inicio do século XX acontece na Espanha um movimento cultural onde vários poetas, revolucionários e pensadores se reuniam para conversas elaboradas nos chamados cafés cantantes.Ao mesmo tempo que conversavam assistiam a apresentações de flamenco, que saía do anonimato dos guetos e começava a se difundir e ser apreciado em Andaluzia.O espetáculo Romance Gitano se passa em um desses cafés cantantes, mostrando as primeiras formas de divulgação do flamenco,o flamenco das óperas,onde vários autores fascinados com o que conheciam da cultura andaluza lhe fazem alusões e o flamenco apresentado nestes cafés cantantes, onde era viabilizada a oportunidade para as famílias flamencas mostrarem sua arte e magia.
Tendo como pano de fundo a estória de Santiago, o toreiro cobiçado pelas mulheres e de Soledad, sua escolhida no cenário do café cantante de Hernandez, um típico taberneiro espanhol,também apaixonado por Soledad, o espetáculo mostra como foi a difusão do flamenco dentro da Europa e da Espanha. A trilha sonora utiliza Verdi, Bizet, que dão ao flamenco a visualização européia e grandes nomes como Camarón e Pepe de Lucía, trazendo o mais puro da cultura.




Romance Gitano recebeu no seu ano de estréia, 2005, as seguintes indicações no prêmio Sated: Melhor Espetáculo
Melhor Bailarina- Márcia Gelape
Melhor Bailarino- Alejandro García
Melhor Trilha Sonora
Melhor coreografia – Márcia Gelape e Alejandro García




                                                                               

                                                     

                                                          CARMEN  DE BIZET




Carmen tem o espírito de liberdade, que impulsiona a personagem andaluza, uma bandeira de emancipação. Dona do próprio destino no corpo de uma personagem dominante e sem limites. Mulher confiante da sua beleza e poder de atração, impulsionada pelo desejo de viver apenas de acordo com a sua vontade e as suas próprias leis. Na saída da fábrica de tabaco em Sevilha, local onde trabalha Carmen, sempre admirada e cobiçada por muitos decide dedicar a sua atenção ao soldado Don Jose, que convocado a prendê-la durante uma briga com a colega Manuela, acaba sendo vítima dos encantos dessa mulher exuberante, e a liberta sonhando com um possível amor. Essa paixão possessiva e os conflitos morais de Don Jose fazem com que Carmen perca o interesse por ele, se interessando pelo grande toreador Escamillo, de onde surge uma nova arrebatadora paixão. Carmen considera o amor um pássaro livre indo onde lhe vem o desejo, diz que se ama algum homem que ele se sinta honrado mas que se um homem lhe ame, tome cuidado.
O destino está escrito nas cartas colocadas por sua amiga Mercédès, a morte ronda Carmen. Na praça de touros seu destino será selado: um grande herói das arenas, uma mulher sedutora e um homem que apostou sua vida em uma paixão. Carmen é paixão, sedução, impulsividade, desejo, amor, ódio,vingança, poder e sangue.  




                                                 

                                                   








                                                      
                                                          


                                                                 ALDEIA FLAMENCA   
                                                               
   O espetáculo é versátil que pode ser executado em diversos lugares, com formato e duração diferentes. Trata-se de quadros flamencos mostrando seus vários ritmos: tangos, bulerías, alegrías, soleares, guajiras, rumbas, farruca,entre outros.

Os bailarinos mesclam cores, castanholas, leques, xales, movimentando a platéia e divulgando a beleza da cultura flamenca com muita técnica e sapateado.
Este espetáculo teve sua estréia em 2003 e desde então vem sendo realizado nos mais diversos lugares.





.

                                                                     LA BODA




A Cia. de teatro e dança Garcia y Lorca retrata através do ballet teatro o típico casamento cigano. Utilizando elementos culturais que compõe a mescla flamenca, como a religiosidade, sendo um pouco judaica, moura e cigana e também as crendices populares que eram passadas pelas gerações, utilizando o ritualismo presente nas aldeias flamencas.


                                                                       
                                                            SERTÃO ANDALUZ










Através de pesquisa histórica, a coreógrafa Márcia Gelape constatou que o flamenco chegou à cultura sertaneja através da imigração dos sefarditas (habitantes da península Ibérica) que obrigados, a se converterem ao cristianismo e perseguidos pela inquisição vieram para o Brasil

A maior parte chega ao nordeste, contribuindo para a identidade cultural nordestina e quando chega ao fim o Brasil holandês e a inquisição toma poder nessas terras, muitos sefarditas que não conseguiram partir para Holanda ou Nova York, descem pelo sertão brasileiro em busca da recém descoberta capitania das Minas Gerais, terra promissora com muita necessidade de mão de obra. Nesse percurso muitas famílias são engolidas pelo sertão, chegando a fazer parte de diversos movimentos de guerrilha, sempre buscando o direito de cidadania e de livre expressão cultural e religiosa.
O espetáculo propõe este resgate: a influência do flamenco na cultura sertaneja.
Ao mesclar as duas expressões artísticas, dadas á proximidade e familiaridade constatada, estamos voltando a um momento e linguagem que no passado foi o mesmo.
O Brasil sintetiza a força criadora da pluralidade cultural. Em muitos casos perdeu-se no tempo a origem de várias manifestações culturais por se originarem de culturas perseguidas ou por ter na transmissão oral sua única forma de preservação.
Vários aspectos andaluzes passaram a fazer parte de nossas raízes e se introjetaram em nossos valores sociais, em nossa forma de fazer música, dançar e nas festividades populares. De uma profunda pesquisa da dança, das músicas sertanejas e da viola caipira surgiu um encontro inesperado: o flamenco e o sertão.
Márcia Gelape abre o espetáculo em grande estilo: o Soleá da seca de sua autoria onde as duas culturas se mesclam de forma natural. A trilha sonora do Sertão Andaluz foi montada visando comprovar musicalmente esta descendência: o flamenco é tocado pela viola caipira e enriquecido pelo modo nordestino. Chico Lobo compõe músicas que falam do sertão à Andaluzia. Lirinha e o Cordel do Fogo Encantado cedem gentilmente sua poesia musicada para se falar do som, da seca e da chuva. Participam também da trilha Déa Trancoso, representando o canto das lavadeiras do Jequitinhonha;André Siqueira, fazendo flamenco em seu violão brasileiro e Fortuna com seu canto em ladino, reverenciando a origem de tudo.

Soleá da Seca


                                                                              Zelher



                                                         Dança das Fitas





Lavadeiras

Recife




                                                    
                                                                        Cangaço





                                                                          

                                                                 Espetáculos com Inclusão





                                                                         ÓPERAS



                                                             FLAUTA MÁGICA












                                                                         




   
                                                                                   
                                                                         

                                                                        AIDA




                                                                      LA TRAVIATA
                                                        

   



                                                       OPERETA VIUVA ALEGRE



                                                                          

                                                                          AHTEIA






                                                                              

                                                            ÁGUAS DO CONSELHO
                                                                  Em Montagem

                                                                                
                                                                             

As águas do conselho

De dentro das amarras do sertão o povo deixado busca força.
Vê quem é o homem, olha sua solidão,
Quando verde reflete nos olhos cansados
Chegam os engravatados vermelhos com medo
De que os outros flagelados descubram a direção.


Argumento:
Por quantas vezes as vozes dos que gritavam foram caladas pelo poder e pela conivência com o conforto? Por quantas vezes nossa história foi deturpada, dando louros aos leões, para esconder as maldades dos que já mandaram? Por quantas vezes o povo tentou a união, a mistura e a incorporação de valores mútuos para se fortificar, sobreviver emocionalmente e culturalmente?


Diante da falta de habilidade de registros escritos, a tradição oral se concretizou como a grande riqueza de transmissão cultural do que veio a se tornar o Brasil. Muito se perdeu. Muito que ainda existe é de raiz ignorada. Os povos aqui chegaram buscando promissor futuro e se depararam com uma aceitação-desconfiada das diferenças culturais. Os povos incompreendidos se encontraram e realizaram o sonho de liberdade entre eles, pequenos donos de nada, que eram donos de suas almas.


As culturas de resistência surgiram sem violência, mais como uma idealização do sonho de aceitação que buscavam. Não foram aceitas. Dizem os livros que guerras foram travadas. Dizem as vozes silenciadas, através do legado de afeto plantado no sertão que não era guerra e sim a defesa desesperada daquele pedaço de terra onde todo mundo trabalhava e tinha seu pão, onde era a harmonia que prevalecia através da divisão do plantio e do trabalho.


Esses povos difundiram cultura e participaram fortemente da criação da identidade cultural do Brasil.


O espetáculo “As águas do conselho” torna-se a voz dessas culturas perdidas na história contada pelo mais forte. Através da música, dança e teatro, os artistas incorporarão as manifestações culturais e ideológicas das pequenas sociedades que habitaram o sertão brasileiro e que deram origem a muitos de nossos costumes. Além dessa proposta de reconhecimento cultural, o espetáculo se reinventa ao colocar no mesmo momento a cultura antiga com sua similaridade atual, surpreendendo com a facilidade de sintonia estética e musical.


 O título “As águas do conselho” é uma homenagem a história de Canudos, uma das mais importantes passagens da história do sertão brasileiro, onde Antônio Conselheiro profetiza “que o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”.


Esta frase traz o viés do espetáculo onde através das várias formas de linguagem artística, serão apresentadas as tradições antigas e herdadas, momentos de alegria e confraternização; as agonias e inseguranças; a história bélica escondida das escolas do Brasil; enfim, a palavra que não foi dita naqueles tempos.


O símbolo das águas do conselho é justamente a limpeza e a limpidez que nossas raízes merecem, como forma de gratidão por nos darem a linguagem da “brasilidade” que hoje temos. É a justa homenagem a esta mistura de povos que inventaram o Brasil.


Justificativa:


Através das várias linguagens que possuímos hoje, buscamos a limpidez da origem delas através da história do sertão brasileiro, que pelos seus processos imigratórios e migratórios, acabou nos proporcionando um banco de dados para a pesquisa da origem de nossas crenças e nossos costumes. Homenageamos povos que foram perseguidos pela inquisição, pelos coronéis e pelos preconceitos descabidos difundidos em nossa sociedade atual.


Partimos da premissa de que um povo sem origem é um povo perdido, em busca de identidades e raízes e que talvez essa divulgação possa voltar os olhos modernos para a valorização da cultura brasileira em sua enorme riqueza, ao invés de uma super valorização de produtos sem valores morais e éticos.


A descoberta cultural propicia ao ser humano a chance de um maior conhecimento psicológico, de um questionamento de valores e desejo de fazer parte da história de seus antepassados. Esses pontos podem provocar um movimento de esperança e sensação de pertencerem a alguma cultura, gerando motivação e nova postura diante da vida.